Apaixonada por flores, transformo todos que passam em minha vida em um exemplar do meu jardim (uma brincadeira que cultivo desde criança). Tenho orquídeas, rosas, margaridas, cravos e até mesmo algumas ervas daninhas, que insistem em nascer, eu as cerco e as deixo lá, cuidando apenas para não se espalharem, danificarem o belo jardim que cultivo, afinal, mesmo as ervas daninhas passaram por minha vida.
Mas, em todo este tempo ainda não encontrei a minha flor preferida, o belo lótus azul, dificílimo não apenas de encontrar mas também para fazê-lo "vingar"... ele sempre morre.
E como saber de qual semente germinaria o tão esperado lótus azul? Simples, o que despertasse em mim seu significado puro: "a vitória do espírito sobre os sentidos".
Engraçado, quando, uma semente que você não espera, te faz vencer os sentidos. Foi como me senti esta semana.
Quem sabe, o primeiro lótus azul tenha germinado em meu jardim.
"Quando me lembro de teu sorriso me dá vontade de ficar."
A lenda do Lótus Azul:
Conta a lenda que existiu na Índia um rei descendente do Sol.
Ele se considerava o melhor dos Adoradores de Deus, mas sentia-se humilhado e castigado por não ter tido filhos homens.
Todas as manhãs ele se lamentava em suas orações até que um dia seu fiel conselheiro lhe orientou a fazer um voto para Deus: se Ele lhe enviasse dois ou mais filhos, o rei prometeria sacrificar o mais velho deles numa cerimônia pública.
Assim o Rei teve um filho seguido de vários outros.
O mais velho, herdeiro da coroa era chamado de ‘o Vermelho’ e seu apelido era ‘aquele que foi oferecido’.
O menino cresceu e se transformou num Príncipe inteligente e egoísta.
Quando atingiu a idade da oferenda, Deus chamou o Rei e o lembrou da promessa.
Mas o Rei inventando cada vez mais desculpas para não cumprir sua palavra, fez com que o Altíssimo ficasse furioso e ameaçou o Rei.
Porém, enquanto as vacas sagradas estavam bem, o Rei não levou em conta as coléricas ameaças Divinas.
Quando as vacas e o dinheiro começaram a faltar, o Rei teve que chamar o primogênito e lhe contou a promessa.
Mas o filho se negou a cumprir a palavra do pai que seria matá-lo em oferecimento a Deus.
E mesmo com as fogueiras acesas e as pessoas esperando por ele, o Príncipe não apareceu.
Ele fugiu para os bosques próximos porque ele sabia que ali moravam os ermitãos e os homens santos e que ninguém poderia violá-los.
Ele permaneceu nos bosques por muitos anos e pensava que poderia satisfazer ao Deus Varuna encontrando um substituto com tal de que fosse filho de um Rei, e partiu à procura.
Encontrou um homem e sua família a ponto de morrer de fome, e astutamente contou a sua história e ofereceu cem vacas em troca do filho para que ele fosse imolado para Deus.
Mas o Virtuoso pai negou-se a conceder o filho em troca de alimentos.
O doce filho ofereceu-se por conta própria para que com sua vida salvasse a vida da família.
O pai chorou ‘um mar de lágrimas’ mas consentiu frente ao sublime pedido de devoção e entrega, e foi acender a pira para o sacrifício.
Próximo daí estava o Lakshmi-Padma (lótus branco) banhando-se no lago, Ela escutou a oferenda do filho do ancião; viu a dor do pai, e cheia de amor e compaixão mandou vir um dos filhos do Deus Brahma, contou-lhe a história e Ele prometeu ajuda.
Assim, Ele se aproximou do rapaz e lhe ensinou dois Mantras Sagrados que deveriam ser rezados na pira.
O altar foi preparado perto do lago e as pessoas foram chegando para o sacrifício.
O filho foi amarrado e perfumado e quando cheio de dor o pai levanta a faca, enquanto o filho recitava os Mantras, a faca entra no seu peito.
Então, Indra, o Deus Azul do firmamento, desceu dos céus e envolvendo tudo numa espessa nuvem azul, apagou as chamas da pira, desamarrou o rapaz e espalhou luz azul dourada por todo o lugar.
As pessoas presentes, assustadas, ajoelham-se com medo.
Quando voltaram a se levantar, tudo tinha mudado.
Já não havia nuvem e o fogo reacendeu-se sozinho, e no lugar do filho havia um animal que não era ninguém mais senão o Príncipe que havia fugido quando jovem, queimando pelo seu pecado de maldade.
A poucos metros, sobre os lótus, dormia o pobre rapaz e no lugar em que a faca tinha cortado seu coração brotou um belíssimo lótus azul, e todos os lótus brancos do lago tinham se transformado em lótus azuis.
(Regue tuas flores, SEMPRE)