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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Le lotus bleu (Nymphaea caerulea)

Apaixonada por flores, transformo todos que passam em minha vida em um exemplar do meu jardim (uma brincadeira que cultivo desde criança). Tenho orquídeas, rosas, margaridas, cravos e até mesmo algumas ervas daninhas, que insistem em nascer, eu as cerco e as deixo lá, cuidando apenas para não se espalharem, danificarem o belo jardim que cultivo, afinal, mesmo as ervas daninhas passaram por minha vida.
Mas, em todo este tempo ainda não encontrei a minha flor preferida, o belo lótus azul, dificílimo não apenas de encontrar mas também para fazê-lo "vingar"... ele sempre morre.
E como saber de qual semente germinaria o tão esperado lótus azul? Simples, o que despertasse em mim seu significado puro: "a vitória do espírito sobre os sentidos".
Engraçado, quando, uma semente que você não espera, te faz vencer os sentidos. Foi como me senti esta semana.
Quem sabe, o primeiro lótus azul tenha germinado em meu jardim.

"Quando me lembro de teu sorriso me dá vontade de ficar."

A lenda do Lótus Azul:

Conta a lenda que existiu na Índia um rei descendente do Sol.
Ele se considerava o melhor dos Adoradores de Deus, mas sentia-se humilhado e castigado por não ter tido filhos homens.
Todas as manhãs ele se lamentava em suas orações até que um dia seu fiel conselheiro lhe orientou a fazer um voto para Deus: se Ele lhe enviasse dois ou mais filhos, o rei prometeria sacrificar o mais velho deles numa cerimônia pública.
Assim o Rei teve um filho seguido de vários outros.
O mais velho, herdeiro da coroa era chamado de ‘o Vermelho’ e seu apelido era ‘aquele que foi oferecido’.
O menino cresceu e se transformou num Príncipe inteligente e egoísta.
Quando atingiu a idade da oferenda, Deus chamou o Rei e o lembrou da promessa.
Mas o Rei inventando cada vez mais desculpas para não cumprir sua palavra, fez com que o Altíssimo ficasse furioso e ameaçou o Rei.
Porém, enquanto as vacas sagradas estavam bem, o Rei não levou em conta as coléricas ameaças Divinas.
Quando as vacas e o dinheiro começaram a faltar, o Rei teve que chamar o primogênito e lhe contou a promessa.
Mas o filho se negou a cumprir a palavra do pai que seria matá-lo em oferecimento a Deus.
E mesmo com as fogueiras acesas e as pessoas esperando por ele, o Príncipe não apareceu.
Ele fugiu para os bosques próximos porque ele sabia que ali moravam os ermitãos e os homens santos e que ninguém poderia violá-los.
Ele permaneceu nos bosques por muitos anos e pensava que poderia satisfazer ao Deus Varuna encontrando um substituto com tal de que fosse filho de um Rei, e partiu à procura.
Encontrou um homem e sua família a ponto de morrer de fome, e astutamente contou a sua história e ofereceu cem vacas em troca do filho para que ele fosse imolado para Deus.
Mas o Virtuoso pai negou-se a conceder o filho em troca de alimentos.
O doce filho ofereceu-se por conta própria para que com sua vida salvasse a vida da família.
O pai chorou ‘um mar de lágrimas’ mas consentiu frente ao sublime pedido de devoção e entrega, e foi acender a pira para o sacrifício.
Próximo daí estava o Lakshmi-Padma (lótus branco) banhando-se no lago, Ela escutou a oferenda do filho do ancião; viu a dor do pai, e cheia de amor e compaixão mandou vir um dos filhos do Deus Brahma, contou-lhe a história e Ele prometeu ajuda.
Assim, Ele se aproximou do rapaz e lhe ensinou dois Mantras Sagrados que deveriam ser rezados na pira.
O altar foi preparado perto do lago e as pessoas foram chegando para o sacrifício.
O filho foi amarrado e perfumado e quando cheio de dor o pai levanta a faca, enquanto o filho recitava os Mantras, a faca entra no seu peito.
Então, Indra, o Deus Azul do firmamento, desceu dos céus e envolvendo tudo numa espessa nuvem azul, apagou as chamas da pira, desamarrou o rapaz e espalhou luz azul dourada por todo o lugar.
As pessoas presentes, assustadas, ajoelham-se com medo.
Quando voltaram a se levantar, tudo tinha mudado.
Já não havia nuvem e o fogo reacendeu-se sozinho, e no lugar do filho havia um animal que não era ninguém mais senão o Príncipe que havia fugido quando jovem, queimando pelo seu pecado de maldade.
A poucos metros, sobre os lótus, dormia o pobre rapaz e no lugar em que a faca tinha cortado seu coração brotou um belíssimo lótus azul, e todos os lótus brancos do lago tinham se transformado em lótus azuis.


(Regue tuas flores, SEMPRE)