.................................... Ópios, édens e analgésicos ..................................

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Oh Billie...

Billie Holiday tem me feito companhia. Com sua vozinha fina um pouco rouca e aquela genialidade histórica irrecuperável, o canto da menina que vestiu casca de mulher, tira de mim qualquer preocupação ou importância, onde, por consequência, caminha o fato de estar só.
Ganhei de um amigo a biografia pocket  de sua vida escrita por Sylvia Fol e confesso: Não consigo parar de ler!

“Negra, pobre, prostituída, vulnerável e com um voz lânguida e vigorosa, Billie Holiday ( 1915-1959 )- desde as ruas do Harlem até as mais prestigiosas saladas de espetáculo – lutou a vida toda para se impor. Sexo, álcool, drogas, Lady Day queria experimentar tudo. Foi no palco, cantando músicas que se tornariam clássicos, que ele viveu a única experiência verdadeira do amor. Seu nome virou sinônimo de jazz, e sua vida – numa época em que a população dos Estados Unidos estava dividida entre brandos e negros, voi um caminho para a liberdade.” ( Sylvia Fol, autora de Billie Holiday, da L&PM Biografias Pocket ).
Oh Billie! Nada soa grandioso senão a particularidade de sua voz e de suas interpretações. Sua vida faz parte daquele submundo cuja descrição muitas vezes nos chegou por meio das telas cinematográficas: o mundo do jazz, do Harlem, da prostituição, do álcool barato, do fumo ordinário e das drogas que a levaram à ruína. Nela, tudo é underground, quase tudo recende a melancolia e a depressão. Sua voz fina na trilha de filmes antigos conjuga, com maestria, a estética musical com o fundo histórico de uma época que produziu grandes gênios da música. 


As gardênias de Lady Day: " (…) Essa criança a incomoda (à sua mãe), e ela encontra mil desculpas para deixá-la com sua família. Eleonora tem dois anos e é bonita como um coraçnao. Dessa época longínqua só existe uma fotografia, em que ela usa bata clara e botinas, com flores brancas nos cabelos. Seriam já gardênias?… (…)”
Eleonora era seu nome, mas adotara Billie por causa de seu pai: “ (…) De vez em quando, entre dois compromissos, seu pai, CLarence Holiday, vem lhe fazer uma visita. Ela se diverte com seu jeito tagarela, com esse garotão atrevido de boca suja. É ele que lhe dá o apelido de Bill. Sem dúvida não é estranho que futuramente ela escolha o pseudônimo de Billie, já que ela adora esse pai bem falante, cuja vida parece ser uma festa contínua. E depois, ele canta tão bem…(…)”

“I never hurt nobody but myself, and that's nobody's business but my own.”
Billie Holiday (1915-1959)




Alice in chances?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Go on go on

Para ler ao som de The Cure - In Between Days



Da janela o tempo que deveria despedaçar memórias
Passa como um sopro
Tato, paladar, olfato permanecem.

...Lembranças...

Contradizem a sensação de já ter perdido tempo demais.


'Go on go on
 Just walk away'

quarta-feira, 18 de maio de 2011

De repente... não mais que de repente...



'De repente, não mais que de repente'
O verso de Vinícius de Moraes martela em minha mente sem cesar
Como? Porque?
De repente... não mais que de repente...
Me vem a mente teu sorriso,
Tão menino...
Tão meu, mesmo sem ser...
hoje acaba...
onde eu fiquei tão distante?

(São Luis, março 2011)

Outra pessoa


No discurso romântico são feitos vilões. mas, na realidade, são anti-heróis.
bons corações que se perderam pelo cotidiano e chegaram depois. maldito seja esse músculo que não se norteia por bússolas ou se guia por satélites! e acabamos nos apaixonando por corações já conquistados (não encontro explicações por que amamos e queremos ser amados por um determinado ser e excluimos todo o resto da humanidade) e tornamo-nos a outra pessoa.
grandes doses de manutenção da integridade do eu se fazem necessárias. é o oposto daquilo que se diz politicamente correto. no discurso amoroso, os sentimentos nem sempre procuram situações formatadas e explorar territórios colonizados sempre resultam em algumas baixas, cicatrizes de batalhas e corações feridos de alguma parte.
cautela é recomendada. mas, é fundamental viver o que se ama.

Veríssimo


“É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.”
Luiz Fernando Veríssimo

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Le lotus bleu (Nymphaea caerulea)

Apaixonada por flores, transformo todos que passam em minha vida em um exemplar do meu jardim (uma brincadeira que cultivo desde criança). Tenho orquídeas, rosas, margaridas, cravos e até mesmo algumas ervas daninhas, que insistem em nascer, eu as cerco e as deixo lá, cuidando apenas para não se espalharem, danificarem o belo jardim que cultivo, afinal, mesmo as ervas daninhas passaram por minha vida.
Mas, em todo este tempo ainda não encontrei a minha flor preferida, o belo lótus azul, dificílimo não apenas de encontrar mas também para fazê-lo "vingar"... ele sempre morre.
E como saber de qual semente germinaria o tão esperado lótus azul? Simples, o que despertasse em mim seu significado puro: "a vitória do espírito sobre os sentidos".
Engraçado, quando, uma semente que você não espera, te faz vencer os sentidos. Foi como me senti esta semana.
Quem sabe, o primeiro lótus azul tenha germinado em meu jardim.

"Quando me lembro de teu sorriso me dá vontade de ficar."

A lenda do Lótus Azul:

Conta a lenda que existiu na Índia um rei descendente do Sol.
Ele se considerava o melhor dos Adoradores de Deus, mas sentia-se humilhado e castigado por não ter tido filhos homens.
Todas as manhãs ele se lamentava em suas orações até que um dia seu fiel conselheiro lhe orientou a fazer um voto para Deus: se Ele lhe enviasse dois ou mais filhos, o rei prometeria sacrificar o mais velho deles numa cerimônia pública.
Assim o Rei teve um filho seguido de vários outros.
O mais velho, herdeiro da coroa era chamado de ‘o Vermelho’ e seu apelido era ‘aquele que foi oferecido’.
O menino cresceu e se transformou num Príncipe inteligente e egoísta.
Quando atingiu a idade da oferenda, Deus chamou o Rei e o lembrou da promessa.
Mas o Rei inventando cada vez mais desculpas para não cumprir sua palavra, fez com que o Altíssimo ficasse furioso e ameaçou o Rei.
Porém, enquanto as vacas sagradas estavam bem, o Rei não levou em conta as coléricas ameaças Divinas.
Quando as vacas e o dinheiro começaram a faltar, o Rei teve que chamar o primogênito e lhe contou a promessa.
Mas o filho se negou a cumprir a palavra do pai que seria matá-lo em oferecimento a Deus.
E mesmo com as fogueiras acesas e as pessoas esperando por ele, o Príncipe não apareceu.
Ele fugiu para os bosques próximos porque ele sabia que ali moravam os ermitãos e os homens santos e que ninguém poderia violá-los.
Ele permaneceu nos bosques por muitos anos e pensava que poderia satisfazer ao Deus Varuna encontrando um substituto com tal de que fosse filho de um Rei, e partiu à procura.
Encontrou um homem e sua família a ponto de morrer de fome, e astutamente contou a sua história e ofereceu cem vacas em troca do filho para que ele fosse imolado para Deus.
Mas o Virtuoso pai negou-se a conceder o filho em troca de alimentos.
O doce filho ofereceu-se por conta própria para que com sua vida salvasse a vida da família.
O pai chorou ‘um mar de lágrimas’ mas consentiu frente ao sublime pedido de devoção e entrega, e foi acender a pira para o sacrifício.
Próximo daí estava o Lakshmi-Padma (lótus branco) banhando-se no lago, Ela escutou a oferenda do filho do ancião; viu a dor do pai, e cheia de amor e compaixão mandou vir um dos filhos do Deus Brahma, contou-lhe a história e Ele prometeu ajuda.
Assim, Ele se aproximou do rapaz e lhe ensinou dois Mantras Sagrados que deveriam ser rezados na pira.
O altar foi preparado perto do lago e as pessoas foram chegando para o sacrifício.
O filho foi amarrado e perfumado e quando cheio de dor o pai levanta a faca, enquanto o filho recitava os Mantras, a faca entra no seu peito.
Então, Indra, o Deus Azul do firmamento, desceu dos céus e envolvendo tudo numa espessa nuvem azul, apagou as chamas da pira, desamarrou o rapaz e espalhou luz azul dourada por todo o lugar.
As pessoas presentes, assustadas, ajoelham-se com medo.
Quando voltaram a se levantar, tudo tinha mudado.
Já não havia nuvem e o fogo reacendeu-se sozinho, e no lugar do filho havia um animal que não era ninguém mais senão o Príncipe que havia fugido quando jovem, queimando pelo seu pecado de maldade.
A poucos metros, sobre os lótus, dormia o pobre rapaz e no lugar em que a faca tinha cortado seu coração brotou um belíssimo lótus azul, e todos os lótus brancos do lago tinham se transformado em lótus azuis.


(Regue tuas flores, SEMPRE)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"(...)Te abraço quente e longe. Quais eram nossas esperanças?"


sábado, 8 de janeiro de 2011

Noite de Saudade...


A noite vem pousando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura…
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura…

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura…
E eu ouço a noite a soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!

Por que é assim tão ´scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu nem sei donde me vem…
Talvez de ti, ó noite!… Ou de ninguém!…

Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

Florbela Espanca - A mensageira das violetas

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Do meu silêncio


Ah devaneios!
Estes que me entorpecem...
Arrancam minha alma
e me levam a um mundo distante.

Lá fora a vida continua em um ritmo frenético
Dentro de mim a noite cai escura
Trazendo lembranças de um sorriso bobo e vil
Do que não quero lembrar
Do que não me esforço para esquecer

Minha mente gira em uma velocidade absurda
Tento parar, tento esquecer
Quero de volta o sonho arrancado de minhas mãos
Quero de volta o não-crer.



"Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê."
(Cazuza)